domingo, 24 de julho de 2011

Relações Sociais e Serviço Social no Brasil: Esboço de uma interpretação histórico-metodológica

Neste trabalho os autores buscam analisar e aprofundar o Serviço Social como profissão na sociedade capitalista brasileira no período de 30 a 60. Visualizando a profissão dos Assistentes Sociais, inserida no processo de reprodução das relações sociais. Se afirmássemos que a Instituição S.Social é produto da realidade social mais abrangente, expressaríamos apenas um anglo da questão, a profissão se afirma como instituição peculiar na e a partir da divisão do trabalho social, respondendo as necessidades sociais derivadas da prática histórica das classes sociais na produção e reprodução dos meios de vida e de trabalho de forma socialmente determinada. Assim, ao produzirem os meios de vida, os homens produzem sua vida material onde o grau de desenvolvimento da divisão social do trabalho expressa o grau de desenvolvimento das forças produtivas sociais do trabalho.

 O S.Social surge como um dos mecanismos utilizados pelas classe dominantes como meio de exercício de poder na sociedade, modificando-se em função das características diferenciadas da luta de classes e das conseqüências do capitalismo. Tendo o trabalho como potência que só se exterioriza em contato com os meios de produção, só sendo consumido, ele cria valor. O consumo dessa força de trabalho pertence ao capitalista, do mesmo modo que lhe pertencem os meios de produção. Onde o trabalhador sai do processo de produção da mesma maneira como entrou, como mera força de trabalho, como fonte pessoal de riqueza para outros e assim verifica-se que até os seus meios de vida estão monopolizados também pela classe capitalista onde os trabalhadores entregam diariamente o valor de uso de sua força de trabalho, gerando na classe trabalhadora uma antítese consigo mesma, os próprios meios de sua dominação, é a sua condição de sobrevivência.

 Nesse contexto observa-se que capital e trabalho assalariado se criam mutuamente no mesmo processo e onde este processo de produção capitalista é ao mesmo tempo um processo de relações sociais entre classes. Como a totalidade da vida social na reprodução do capital supõe a recriação ampliada da classe trabalhadora e do poder da classe capitalista, esta também é responsável pela geração de uma reprodução ampliada da pobreza e da riqueza que permeia as relações de classes a qual se expressa na luta de classe. Com o exposto, os autores procuram explicitar como o próprio processo de exploração produz a sua legitimação e como, através da prática política, este descompasso no funcionamento da sociedade pode ser superado. O S. Social no Processo de Reprodução das Relações Sociais. O S. Social como instituição componente da organização da sociedade, reproduz pela mesma atividade, interesses contrapostos, respondendo tanto a demandas do capital como do trabalho e só pode fortalecer um ou outro pólo pela mediação de seu oposto.

 Tanto participa dos mecanismos de dominação e exploração como da resposta às necessidades de sobrevivência da classe trabalhadora e da reprodução do antagonismo nesses interesses sociais, reforçando as contradições que constituem o móvel básico da história, estabelecendo uma estratégia profissional e política para fortalecer as metas do capital ou do trabalho não o excluindo do contexto da prática profissional uma vez que as classes só existem inter-relacionadas, por essa razão é que existe a possibilidade de viabilização do profissional colocar-se no horizonte dos interesses das classes trabalhadoras. Para tal, o S. Social se desenvolve como profissão reconhecida na divisão do trabalho no cenário do desenvolvimento industrial e da expansão urbana. No Brasil afirma-se como profissão integrada ao setor público frente à ampliação do controle e da ação do Estado junto à sociedade civil. Através da Portaria 35, de 19/04/1949, do Ministério de Trabalho, Indústria e Comércio, o S. Social é enquadrado no 14º grupo de profissões liberais.

Porém, apesar da regulamentação, não apresenta uma tradição de prática peculiar às profissões liberais na acepção corrente do termo. Historicamente, ele não é um profissional autônomo que exerce independentemente suas funções, porém não exclui os traços que marcam uma prática liberal que viabilize em seus agentes especializados uma certa margem de manobra e de liberdade no exercício de suas funções institucionais. Um código de Ética. Na relação e no contato direto com os usuários, abri-se a possibilidade de reorientar a forma de intervenção e da interpretação do papel desse profissional. Com a indefinição do que é e do que faz, abri-se ao A. Social a possibilidade de apresentar propostas de trabalho que ultrapassem a demanda institucional. Porém, dentre as organizações institucionais que mediatizam o exercício profissional dos Assistentes Sociais, o Estado ocupa uma posição de destaques por ser tradicionalmente um dos maiores empregadores desse profissional no Brasil. Em suas origens, o S. Social no Brasil está intimamente vinculado a iniciativas da Igreja especialmente de sua parcela feminina, predominantemente vinculada aos abastados setores da sociedade.

Sua ideologia é justificada na doutrina social da Igreja configurando-se com um caráter missionário à atividade profissional. Dentro da perspectiva profissional de apostolado social a vocação de servir é concebida como uma escolha, oriunda de um chamado, justificado por motivações de ordens éticas, religiosas ou políticas, só podendo aderir indivíduos dotados de certas aptidões particulares e dispostos a engajar toda a sua vida em um projeto que, antes de ser um trabalho, é uma missão. Dessa imagem deriva-se o caráter missionário da figura do profissional que vem desenvolvendo suas atividades nas qualificações da linha divisória da profissão que se desencadeia por motivações puramente pessoais e idealistas.

Fonte:
http://pt.shvoong.com/books/1745057-rela%C3%A7%C3%B5es-sociais-servi%C3%A7o-social-brasil/#ixzz1T3nbxG4I

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